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EIXO: ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE



                 Grupo de Afásicos e Familiares na Atenção Primária à Saúde

                 Autores: SIMONE FARINHA; Regina Mendonça de Carvalho; Maria Lúcia Pereira; Simone do Rocio Carvalho; Zenira Betin. Instituição:
                 Prefeitura Municipal de Araucária
                 Palavras-chave: afasia, grupos, promoção

                 Nos últimos vinte anos, gradualmente o caráter dos grupos realizados na saúde coletiva, vêm se modificando. Se a princípio
                 estes ocorriam para suprir a grande demanda acolhida nas unidades de saúde, atualmente, as ações realizadas em grupo
                 mostram-se como potentes práticas tanto no viés da promoção de saúde, quanto clínico terapêuticas nos diferentes níveis de
                 atenção. Compreendendo o contexto grupal também como espaço de interlocução entre sujeitos, consideramos relevante
                 relatar  vivências  em  um  grupo  de  afásicos,  uma  vez  que  esta  condição  neurológica  acomete  a  linguagem,  interferindo
                 significativamente na qualidade da interação destes sujeitos. O grupo em questão é realizado por 1 fonoaudiólogo, 1 enfermeiro
                 e 3 agentes comunitários, na Unidade Básica de Saúde Alceu do Vale Fernandes, no município de Araucária desde abril de 2017,
                 contando com a presença de 6 afásicos assíduos e de seus respectivos familiares que comparecem esporadicamente. Partindo
                 de uma abordagem terapêutica que entende a interação como ponto principal de constituição da linguagem e dos sujeitos,
                 as intervenções realizadas buscam promover situações discursivas, sejam estas orais, escritas ou mesmo gestuais e visuais,
                 garantindo o sentido e, deste modo, fazendo com que os turnos conversacionais sejam mantidos, ampliando as possibilidades
                 dialógicas, contribuindo para a reinserção social destes sujeitos. Apesar das limitações linguístico discursivas apresentadas
                 pelos componentes, consideramos que o grupo vem oportunizando o estabelecimento de trocas dialógicas significativas entre
                 os participantes, permitindo que cada participante resgate/reconstrua a subjetividade e própria imagem de falante. Para além
                 da ampliação do círculo social, o grupo de afásicos também vem possibilitando aos componentes interagirem com sujeitos que
                 também enfrentaram mudanças significativas no padrão comunicativo, levando-os a identificação, ao acolhimento e a empatia
                 mútua, fato que não é possível somente na interação com terapeutas e familiares.



                 Grupo de Letramento de Idosos na Atenção Básica à Saúde

                 Autores: ISES CRISTINA SANT’ANA KLEINUBING; Simone Farinha; Regina Mendonça de Carvalho; Josefa Alves Moreira; Marcia da Silva.
                 Instituição: Prefeitura Municipal de Araucária
                 Palavras-chave: Envelhecimento, grupos, letramento

                 Acompanhando a tendência mundial, o contingente de idosos em nosso país vem aumentando de maneira acelerada. Se por
                 um lado, este fato se configura com uma das maiores conquistas, refletindo uma significativa melhora das condições de vida
                 da população brasileira, por outro, vem gerando grandes preocupações, uma vez que se tornou um grande desafio propiciar o
                 envelhecimento com qualidade de vida e autonomia. Nesta direção, este relato de caso pretende descrever a constituição de
                 um grupo de letramento de idosos, tendo em vista a manutenção da saúde cognitiva e o exercício da cidadania destes sujeitos.
                 Os encontros desse grupo vêm ocorrendo, quinzenalmente, desde 25 de maio de 2017, na Unidade de Saúde (US) Alceu do Vale
                 Fernandes, situada no município de Araucária. Cada encontro tem a duração média de 90 minutos e conta com a participação
                 de 12 idosos, sendo 10 mulheres e 2 homens, na faixa etária de 65 a 83 anos, moradores da área de abrangência da referida
                 US. As oficinas são mediadas por uma equipe interdisciplinar, composta por um fonoaudiólogo, um enfermeiro, um técnico de
                 higiene dental, um auxiliar de enfermagem e um agente comunitário. Nestes encontros, diálogos acerca de temas cotidianos
                 de interesse comum são seguidos por propostas escritas, individuais e coletivas, com gêneros textuais diversificados, tais como
                 relatos de casos, cartas, notícias, entre outros. Também são registradas histórias de vida ou de fatos pontuais vivenciados pelos
                 participantes, os quais estão sendo catalogados para comporem um livro em que cada participante será autor de um capítulo.
                 Como os idosos que fazem parte do grupo apresentam um nível de letramento básico/rudimentar, os registros escritos são
                 realizados com o auxílio da equipe interdisciplinar. Nos 12 meses em que o grupo vem sendo realizado, foi possível perceber
                 um forte engajamento entre os participantes, tão importante nesta fase em que a queixa de solidão por fatores diversos mostra-
                 se recorrente. As rememorações de fatos ocorridos e, até mesmo, o resgate de toda história de vida, além de possibilitar
                 um exercício cognitivo, vem permitindo que a estes sujeitos ressignificarem o passado. Além disso, a socialização mútua das
                 trajetórias destes idosos vem garantindo a aproximação/identificação, o acolhimento e admiração entre os participantes.









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