Page 63 - ANAIS 6ª MOSTRA PARANAENSE DE PESQUISAS E DE RELATOS DE EXPERIÊNCIAS EM SAÚDE
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EIXO: ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
CARACTERÍSTICAS DAS TENTATIVAS DE SUICÍDIO REALIZADA POR MULHERES
ATENDIDAS EM UM CENTRO DE ASSISTÊNCIA TOXICOLÓGICA
Autores: RENATA SANO LINI | Maria Beatriz de Souza, Raul Gomes Aguera, Deborah Thais Palma Scanferla, Magda Lúcia Félix de Oliveira,
Simone Aparecida Galerani Mossini. Instituição: Universidade Estadual de Maringá
Palavras-chave: Centro de Controle de Intoxicações. Tentativa de suicídio. Medicamento.
Introdução: O número de suicídios corresponde a cerca de metade de todas as mortes violentas registradas no mundo, e estima-
se que em 2020 esse número atinja 1,5 milhões. O Brasil ocupa a oitava posição em números de suicídios nas Américas. No
país, a sobredose medicamentosa representa uma das formas mais frequentes de tentativa de suicídio, especialmente entre as
mulheres. Levando em conta que a informação é um recurso primordial para a tomada de decisão, o objetivo deste estudo foi
analisar os dados das fichas de notificações de tentativas de autointoxicação registradas em um centro de assistência toxicológica.
Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva transversal, de análise documental retrospectiva, realizada no Centro de Controle de
Intoxicações do Hospital Regional Universitário de Maringá. Foram levantados todos os dados referentes às tentativas de suicídio por
autointoxicação medicamentosa, notificadas nos anos de 2014 a 2018. O estudo foi autorizado pela Comissão de Regulamentação
das Atividades Acadêmicas do Hospital Universitário Regional de Maringá (COREA/HURM), atendendo as exigências éticas do
Conselho Nacional de Saúde em conformidade com as Resoluções 466/2012-CNS e 510/2016-CNS. Resultados: No período
analisado, houve um total de 4086 casos, sendo 72,0% do sexo feminino. Para este sexo, observou-se aumento de 92,1% dos
casos notificados entre 2014 e 2018. A ocorrência de tentativa de suicídio foi maior na faixa etária de 18 a 29 anos (37,4%). O
agente tóxico de escolha para autoprovocar a intoxicação, foi o medicamento, estando presente como único agente em 80,1%
dos casos. A classe de medicamentos predominante foi a de psicotrópicos, correspondendo a 55,2% do total de casos, sendo
que em 77,3% dos casos o seu uso isolado e 39,2% em associação com outro medicamento. A principal escolha para tentativa de
autointoxicação foi o clonazepam, estando presente em 35,6% dos casos. Observou-se também o uso de outros psicotrópicos
como, amitriptilina (19,1%), fluoxetina (10,7%) e diazepam (8,3%). Segundo desfecho, a análise das notificações das intoxicações
autoprovocadas mostrou que 7 dos casos notificados resultaram em óbito. Conclusão: Foi possível evidenciar o grande número de
vítimas femininas e a utilização de medicamentos psicoativos. O fácil acesso aos medicamentos favorece o impulso de cometer o
suicídio, desse modo é imperioso a adoção de medidas restritivas ao acesso e campanhas de conscientização para o uso racional
de medicamentos.
PERFIL DOS USUÁRIOS E ACESSO A MEDICAMENTOS DO PROTOCOLO CLÍNICO DE
ARTRITE REUMATÓIDE NA REGIONAL DE SAÚDE DE FOZ DO IGUAÇU
Autores: SIMONE APARECIDA GALERANI MOSSINI | Ivens Camargo Filho. Instituição: Universidade Estadual de Maringá
Palavras-chave: Medicamentos especializados. Assistência farmacêutica. Gestão em saúde.
Introdução: Artrite reumatóide (AR) caracteriza-se como uma doença autoimune inflamatória e crônica que afeta aproximadamente
1% da população adulta mundial. No Sistema Único de Saúde (SUS) a oferta de medicamentos é organizada dentro do componente
especializado que busca garantir o acesso a medicamentos e integralidade do tratamento. Para que o medicamento esteja
disponível, vários processos são necessários, iniciando-se com o acesso à consulta médica por especialista, exames laboratoriais,
cadastro na Farmácia, trâmites internos com processos, programação dos medicamentos e finalmente a dispensação através de
consultas farmacêuticas. Objetivo: Caracterizar o acesso aos medicamentos do componente especializado para os pacientes
com AR em uma Farmácia do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), no ano de 2017. Método: Estudo
retrospectivo, transversal de análise de processos de solicitação de medicamentos para o Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica
(PDCT) de AR no ano de 2017, por meio de coleta de dados da base do CEAF da 9ª Regional de Saúde, no município de Foz do
Iguaçu-PR. Resultados: No período analisado, a farmácia possuía 640 pacientes cadastrados para atendimento, destes 544 (85%)
do sexo feminino e apenas 96 (15%) do sexo masculino. Observou-se prevalência da faixa etária de 50-69 anos, diagnosticadas
na sua maioria por AR soro negativo (60%) e com acompanhamento por médico do SUS (52,7%), sendo a Hidroxicloroquina o
medicamento mais prescrito e o Adalimumabe o imunobiológico mais utilizado. Entre as novas solicitações, 100% foram de
médicos que não atendiam ao SUS e o tempo de solicitação até a dispensação foi superior a 30 dias. Os dados mostram que numa
população de 403.559 habitantes, a prevalência de AR foi de 0,15%, bem abaixo da prevalência estimada em 0,5% - 1% da população.
Conclusões: A solicitação de medicamentos mostrou-se como a grande barreira de acesso. As desigualdades e a fragmentação
da Rede de Atenção em Saúde, entraves burocráticos, heterogeneidade e desigualdade entre os municípios, gestão estadual e
local envolvidos em aspectos técnico-logísticos tem trazidos dificuldades no acesso aos medicamentos essenciais para controle
da doença. A ausência de estudos e metodologias diversas dificultam as tomadas de decisões dos gestores em todos níveis, mas
possibilitam que ações locais possam ser realizadas para melhorias no acesso aos medicamentos.
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