Page 132 - ANAIS 6ª MOSTRA PARANAENSE DE PESQUISAS E DE RELATOS DE EXPERIÊNCIAS EM SAÚDE
P. 132
EIXO: INTEGRALIDADE DO CUIDADO
UM ENCONTRO, UM DESLOCAMENTO, UM RESPIRO; PALHAÇOS CUIDADORES EM AÇÃO
Autores: FLÁVIA MARIA ARAUJO | Alberto Durán González, Maira Saiury Sakay Bortoletto. Instituição: Universidade Estadual de
Londrina
Palavras-chave: Cuidado. Palhaçaria. Hospital.
Introdução: cuidado em saúde significa priorizar as necessidades do usuário. Para que isso ocorra existem várias tecnologias, as
tecnologias duras (equipamentos e insumos), leve-duras (conhecimento científico e protocolos) e leves (vínculo, acolhimento). As
tecnologias leves são diversas, vão desde a sensibilidade do profissional até atividades artísticas como a palhaçaria, que tem a
habilidade de tocar a sensibilidade. Objetivos: cartografar a produção do cuidado da palhaçaria em um hospital público. Método:
Trata-se de uma abordagem qualitativa na pesquisa cartográfica, em que a implicação do pesquisador em campo é parte da
construção de conhecimento. O campo de pesquisa foi o Projeto Sensibilizarte da UEL que trabalha com atividades artísticas
dentro de um hospital. Existem quatro frentes de trabalho, aqui traremos a frente do Palhaço. A pesquisadora em campo atuou
em conjunto com os discentes do projeto como palhaça, as percepções dessas vivências foram relatadas em diário de campo
e processadas com um grupo de pesquisa. Resultado: Uma das cenas vividas no pronto socorro ocorreu no corredor, uma
mulher chega carregando sacolas e diz com uma expressão cansada “Ai, só vocês pra vir trazer alegria pra gente, vou passar
a noite aqui, vou tomar um chá de cadeira”. Ela iria acompanhar a mãe. Muitos acompanhantes passam a noite sentados em
cadeiras. Perguntamos a ela como é o chá de cadeira? Que gosto tem? Responde que tem gosto de boldo, ruim e amargo,
dizemos a ela que provamos chá de boldo e imaginamos como deve ser ruim chá de cadeira, afinal é parecido com boldo.
Pedimos que nos dê um pouco do chá para que não tenha de tomar tudo sozinha. Ela diz “Ai, não arrume isso pra vocês porque
é muito ruim, às vezes dá vontade chorar”. Respondemos “pode chorar, se quiser nós choramos com você”. Então ela sorri e vai
embora. Conclusão: o palhaço abriu um lugar para o afeto, para o sofrimento, ela pôde falar de sua dor, o “chá de cadeira”. O
palhaço possibilita falar livremente, ele não tem protocolos, não diz o que se deve fazer, apenas recebe a realidade e a subverte,
encontra novas possibilidade de existir, colocando-se à disposição para compartilhar. Ao final ela não nos deu o chá, poderia ter
dado simbolicamente, talvez o encontro tenha lhe renovado às forças e pôde tomar sozinha, ao menos aquela noite. Assim, a
palhaçaria promoveu cuidado acolhendo o sofrimento da usuária.
RELATO DE EXPERIÊNCIA: CONFECÇÃO DE UMA CADEIA DE AUTOCUIDADO
Autores: LETÍCIA RIBEIRO DA CUNHA | Maria Catarina de Cassia Quirino, Carlos Takeo Okamura, Eleine Aparecida Penha Martins.
Instituição: Centro de Ciências da Saúde (CCS) - Universidade Estadual de Londrina
Palavras-chave: Autocuidado. Espiritualidade. Processo saúde-doença.
Caracterização do problema: O conceito de autocuidado foi publicado pela primeira vez pela enfermeira Dra. Dorothea E.
Orem. Sua teoria consiste na ideia de que os indivíduos, quando capazes, devem cuidar de si mesmos, porém, na existência de
incapacidade, deve ser instituído o trabalho do enfermeiro no processo de cuidar. Fundamentação teórica: O objetivo do presente
estudo é apresentar a construção de uma cadeia de “sobrevivência” do autocuidado. Trata-se de um relato de experiência da
construção de uma cadeia de autocuidado para divulgação de uma oficina desenvolvida pelo Núcleo de Apoio ao Docente e
ao Discente (NADD) da Centro de Ciências de Saúde da Universidade Estadual de Londrina em 2018. Descrição da experiência:
Realizou-se uma revisão bibliográfica, a partir do ano de 2014, nas bases de dados: PubMed.gov, Portal Educação e Google
Acadêmico. Efeitos alcançados: Foram encontrados artigos referentes à espiritualidade, sono, alimentação, exercício físico e
cuidado médico, temas que compõe os cinco elos propostos para a cadeia do autocuidado. As implicações da espiritualidade
na saúde vêm sendo avaliadas e documentadas, demonstrando sua relação com vários aspectos da saúde física e mental. No
tocante ao sono, as consequências de seu déficit afetam a qualidade de vida da pessoa em pelo menos três níveis de variáveis:
biológicas (cansaço); mediais (aumento do risco de acidentes, relacionado a cochilos ao volante) e extensivas (sequelas de
acidentes). Uma alimentação adequada também é essencial para o bom funcionamento do corpo e, consequentemente, é uma
variável importante no processo saúde-doença. Em sequência, o exercício físico foi eleito como elo importante. Estes, quando
praticados regularmente e orientados por profissionais qualificados, reduzem a perda das capacidades físicas e previnem
doenças coronarianas e degenerativas. O último elo proposto inclui o cuidado especializado nas diversas áreas da saúde. Isso
envolve tanto acompanhamento rotineiro quanto a necessidade de intervenção do profissional de saúde se o paciente não é
capaz de solucionar sua necessidade sozinho. Recomendações: Espiritualidade, sono, alimentação, exercício físico e cuidado de
profissionais de saúde, são os principais destaques para a construção de uma cadeia de autocuidado. Portanto, há a necessidade
de coordenação dos níveis listados para o desenvolvimento do bem-estar geral do indivíduo.
131