Page 135 - ANAIS 7ª Mostra Paranaense de Pesquisas e de Relatos de Experiências em Saúde
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                     CARTOGRAFIA COMO DISPOSITIVO DE PRODUÇÃO DE COLETIVOS NO PROCESSO
                     DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA

                     Autores:  JOSIANE  MOREIRA  GERMANO  |  ALBA  BENEMÉRITA  ALVES  VILELA  .
                     Instituição: Faculdade de Saúde Pública – USP

                     Palavras-chave:  Atenção  Primária  à  Saúde;  Políticas  de  Saúde;  Estratégia  Saúde  da
                     Família.
                     As  discussões  acerca  do  processo  de  trabalho  são  importantes  para  a  compreensão  da
                     organização  da  assistência  à  saúde  e,  fundamentalmente,  sua  potência  transformadora,
                     particularmente  quando  debruçamos  sobre  a  sua  micropolítica  de  organização.  Nosso
                     objetivo é dar visibilidade aos efeitos de uma pesquisa (dissertação de mestrado) que serviu
                     como  dispositivo  de  Educação  Permanente  (EP)  e,  para  tanto,  valeu-se  da  análise
                     micropolítica para pensar os acontecimentos do mundo do cuidado. Assim, tomou as políticas
                     de  saúde  como  dispositivos,  capazes  de  produzir  dobras,  pelo  conjunto  de  forças  que
                     atravessam a Atenção Básica (AB). Apostamos em possibilidades mais porosas para habitar
                     o território geográfico e existencial das equipes, cuja perspectiva analítica foi a cartografia.
                     Proposta por Deleuze e Guattari, filósofos franceses, a cartografia entra em cena no Brasil na
                     década de 1980, com a psicanalista Suely Rolnik. Esta proposta, convida a ampliar as noções
                     de  corpo,  campo,  território,  pesquisa,  por  exemplo  (fazendo-os  de  conceitos-ferramenta).
                     Neste estudo, exploramos o território por diversos planos, habitando espaços como: unidades
                     de  saúde,  escolas,  igrejas,  secretaria  de  saúde,  praças,  ruas,  salões  comunitários  e
                     domicílios. O território  se  fez  como  um  espaço  vivo, pluriversal,  dinâmico.  Esta  pesquisa,
                     configura-se como uma pesquisa-interferência, não por pesquisar “sobre”, mas “com” o outro
                     produzindo  movimentos  mediante  ao  que  é  experienciado,  abrindo  possibilidades  para
                     interrogar o cuidado, a clínica, o trabalho, fabricando coletivos implicados, para recolher e
                     problematizar as pistas que são deixadas no cotidiano. A partir destas, produzimos quatro
                     Oficinaulas:  1)  Conversando  sobre  o  trabalho;  De  repente  NASF-AB;  3)  A  EP  em  nosso
                     cotidiano e 4) Diálogos com o NASF-AB: as ferramentas para a produção do cuidado, que
                     favoreceram a articulação de saberes pertencentes ao mundo da vida para além da razão
                     instrumentalidade.  Nesta  experiência,  reconhecemos  que  a  AB  pode  ser  produtora  de
                     processos  de  subjetivação  agenciadores  do  encontro  ou  de  dispositivos  hegemônicos,
                     centrados na disciplinarização dos corpos. Com a cartografia produzimos interrogações que
                     desestabilizaram os regimes de verdades, fabricando possibilidades evidenciando que a AB,
                     tomada  pelos  efeitos  das  tessituras  desse  um  campo  micropolítico  é  palco  de  múltiplos
                     encontros abertos ao campo do desejo, conferindo a si, permanentemente dispositivos de
                     captura e reinvenção simultaneamente.
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