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EIXO 7 Integralidade do Cuidado
TRABALHOS DE PESQUISA EM SAÚDE
A INFLUÊNCIA DE CYNARA SCOLYMUS E SINVASTATINA, SOBRE OS PERFIS LIPÍDICO E
HEPÁTICO DE PACIENTES HIPERCOLESTEROLÊMICOS DE UMA UBS NO PARANÁ
Autores: ANA CLAUDIA GARCIA OCCHI | Arcelio Benetoli, Ariella Baeza Bonazzio, Hyggor Henrique Bego, Wagner
Pinheiro Mota, Adriana Lenita Meyer Albiero. Instituição: Universidade Estadual de Maringá
PALAVRAS-CHAVE: Cynara scolymus; Fitoterapia; Hipercolesterolemia
O acesso seguro a plantas medicinais e fitoterápicos está garantido no sistema de saúde brasileiro por meio de políticas públicas.
Neste contexto, a RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) contempla 12 medicamentos fitoterápicos, dentre estes
a Alcachofra (Cynara scolymus), com potencial hipocolesterolêmico. Visto que, tratamentos alopáticos para hipercolesterolemia
apresentam efeitos colaterais significativos, os fitoterápicos podem ser uma alternativa. O presente estudo tem como principal
objetivo avaliar os efeitos após farmacoterapia, nos perfis lipídico e hepático de pacientes hipercolesterolêmicos tratados com
Alcachofra e Sinvastatina. Trata-se de um estudo clínico, randomizado e duplo-cego, com 30 pacientes diagnosticados com
hipercolesterolemia a partir de consultas eletivas realizadas em uma UBS de Terra Boa – PR, selecionados seguindo critérios
pré-definidos e divididos em dois grupos, um tratado com Sinvastatina 20 mg/dia (comprimidos genéricos, dispensados na
farmácia da UBS) e o outro, com comprimidos contendo extrato padronizado de Alcachofra (equivalente ~30 mg/dia de ácido
clorogênico) fornecidos pelo Laboratório Catarinense Ltda, Joinvile – SC. O estudo, em andamento, tem duração de 90 dias, com
acompanhamento farmacoterapêutico individual por meio de consultas farmacêuticas mensais e determinação de perfil lipídico
e hepático, no início e no término do ensaio. A execução do estudo foi dificultada em vários aspectos, em especial pela queda
da demanda espontânea devido à pandemia do novo coronavírus e a epidemia de dengue no Paraná. Até o momento, 33% dos
pacientes concluíram o tratamento, com resultados positivos em ambos os grupos. A adesão dos pacientes à farmacoterapia e o
pouco conhecimento dos médicos acerca de fitoterápicos foram dificuldades que também podem ser destacadas. Os resultados
parciais animadores no potencial benéfico da Alcachofra na redução dos níveis séricos de lipídios corroboram estudos quanto ao
êxito de pacientes tratados com extrato aquoso da planta em relação a um grupo placebo. Com relação à Sinvastatina, estudos
sugerem a necessidade de outras drogas para tratamento da dislipidemia, considerando os efeitos adversos, principalmente
os hepáticos. É propósito que os resultados deste estudo possam consolidar a utilização de extrato padronizado de alcachofra,
medicamento fitoterápico, como alternativa segura e de alcance aos programas da atenção básica em saúde para o tratamento
de dislipidemias.
OS ATRAVESSAMENTOS DO BIOPODER E DAS NECROBIOPOLÍTICAS NO CUIDADO EM SAÚDE
Autores: EMILLY PENNAS MARCIANO MARQUES | Juliana Camilla dos Santos Tomiotto Giuliani, Regina Melchior,
Marselle Nobre de Carvalho. Instituição: Universidade Estadual de Londrina
PALAVRAS-CHAVE: Biopoder; Modelos de Assistência à Saúde; Necessidades de Atenção à Saúde
O cuidado em saúde é um acontecimento em ato, produto do trabalho em saúde, fabricado cotidianamente no encontro e
frequentemente atravessado pelas demandas/necessidades dos usuários em saúde e as valises dos profissionais. Os atores
envolvidos tornam-se construtores de uma rede, marcada por nuances e arranjos feitos a partir das intencionalidades de cada
um. A depender dos modelos de atenção adotados, a produção do cuidado pode ser restringida, reduzindo as possibilidades de
modos de existências e produção de vida. Objetivo: Refletir sobre o processo de produção do cuidado e seu endereçamento;
dar visibilidade e dizibilidade para as necessidades em saúde não contempladas pelas ações programáticas. Trata-se de uma
reflexão teórica que utilizou como referencial, autores como Feuerwerker, Merhy, Franco, Foucault e Bento, que abordam temas
relativos à produção do cuidado, trabalho em saúde, necrobiopolíticas e biopoder, presentes nas relações do trabalho em saúde.
RESULTADOS: Os modelos hegemônicos de cuidado, engessam as agendas dos profissionais de saúde com processos de trabalho
ancorados em protocolos e ações programáticas burocratizadas e compartimentalizadas. Essa visão cartesiana e mecanicista
do corpo, pautadas na dualidade causa-efeito, reduz as multicausalidades existentes no corpo não biológico, apenas a fatores
etiopatogênicos, propiciando restrições de acesso. Tais apostas, possuem o biopoder como força propulsora e interferem de
maneira desigual na vida de cada um, reforçando as inequidades sociais com políticas produtoras de vida (biopolítica) ou de morte
(necropolítica). Nesse sentido, o necrobiopoder é entendido como um conjunto de técnicas de governabilidade, que diferente da
lógica foucaultiana, produz zonas de morte, assumindo as consequências entre “fazer viver e deixar morrer” em uma concepção
hierárquica meritocrática de corpos, de valores distintos, que colocam em xeque a defesa da vida. CONCLUSÃO: A relação
de poder legitimada pela soberania, o controle da vida e das políticas de morte, quando alinhados às linhas de continuidade
biomédicas, servem de dispositivos hegemônicos, que impactam na produção de cuidado de corpos e modos de existências,
que precisam morrer para que o outro possa viver. Os sujeitos que apresentam necessidades de saúde não contempladas pelas
ações programáticas, frequentemente enfrentam um vazio assistencial, sendo altamente subordinados ao modelo hegemônico
curativista do cuidado biomédico.
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