Page 206 - ANAIS_6congresso_8Mostra
P. 206

EIXO 7   Integralidade do Cuidado
                                                                                   TRABALHOS DE PESQUISA EM SAÚDE

                   A INFLUÊNCIA DE CYNARA SCOLYMUS E SINVASTATINA, SOBRE OS PERFIS LIPÍDICO E
                      HEPÁTICO DE PACIENTES HIPERCOLESTEROLÊMICOS DE UMA UBS NO PARANÁ

                   Autores: ANA CLAUDIA GARCIA OCCHI | Arcelio Benetoli, Ariella Baeza Bonazzio, Hyggor Henrique Bego, Wagner
                   Pinheiro Mota, Adriana Lenita Meyer Albiero. Instituição:  Universidade Estadual de Maringá

                PALAVRAS-CHAVE: Cynara scolymus; Fitoterapia; Hipercolesterolemia
                O acesso seguro a plantas medicinais e fitoterápicos está garantido no sistema de saúde brasileiro por meio de políticas públicas.
                Neste contexto, a RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais) contempla 12 medicamentos fitoterápicos, dentre estes
                a Alcachofra (Cynara scolymus), com potencial hipocolesterolêmico. Visto que, tratamentos alopáticos para hipercolesterolemia
                apresentam efeitos colaterais significativos, os fitoterápicos podem ser uma alternativa. O presente estudo tem como principal
                objetivo avaliar os efeitos após farmacoterapia, nos perfis lipídico e hepático de pacientes hipercolesterolêmicos tratados com
                Alcachofra  e  Sinvastatina.  Trata-se  de  um  estudo  clínico,  randomizado  e  duplo-cego,  com  30  pacientes  diagnosticados  com
                hipercolesterolemia a partir de consultas eletivas realizadas em uma UBS de Terra Boa – PR, selecionados seguindo critérios
                pré-definidos  e  divididos  em  dois  grupos,  um  tratado  com  Sinvastatina  20  mg/dia  (comprimidos  genéricos,  dispensados  na
                farmácia da UBS) e o outro, com comprimidos contendo extrato padronizado de Alcachofra (equivalente ~30 mg/dia de ácido
                clorogênico) fornecidos pelo Laboratório Catarinense Ltda, Joinvile – SC. O estudo, em andamento, tem duração de 90 dias, com
                acompanhamento farmacoterapêutico individual por meio de consultas farmacêuticas mensais e determinação de perfil lipídico
                e hepático, no início e no término do ensaio. A execução do estudo foi dificultada em vários aspectos, em especial pela queda
                da demanda espontânea devido à pandemia do novo coronavírus e a epidemia de dengue no Paraná. Até o momento, 33% dos
                pacientes concluíram o tratamento, com resultados positivos em ambos os grupos. A adesão dos pacientes à farmacoterapia e o
                pouco conhecimento dos médicos acerca de fitoterápicos foram dificuldades que também podem ser destacadas. Os resultados
                parciais animadores no potencial benéfico da Alcachofra na redução dos níveis séricos de lipídios corroboram estudos quanto ao
                êxito de pacientes tratados com extrato aquoso da planta em relação a um grupo placebo. Com relação à Sinvastatina, estudos
                sugerem a necessidade de outras drogas para tratamento da dislipidemia, considerando os efeitos adversos, principalmente
                os hepáticos. É propósito que os resultados deste estudo possam consolidar a utilização de extrato padronizado de alcachofra,
                medicamento fitoterápico, como alternativa segura e de alcance aos programas da atenção básica em saúde para o tratamento
                de dislipidemias.




                OS ATRAVESSAMENTOS DO BIOPODER E DAS NECROBIOPOLÍTICAS NO CUIDADO EM SAÚDE

                   Autores: EMILLY PENNAS MARCIANO MARQUES | Juliana Camilla dos Santos Tomiotto Giuliani, Regina Melchior,
                   Marselle Nobre de Carvalho. Instituição:  Universidade Estadual de Londrina
                PALAVRAS-CHAVE: Biopoder; Modelos de Assistência à Saúde; Necessidades de Atenção à Saúde
                O cuidado em saúde é um acontecimento em ato, produto do trabalho em saúde, fabricado cotidianamente no encontro e
                frequentemente atravessado pelas demandas/necessidades dos usuários em saúde e as valises dos profissionais. Os atores
                envolvidos tornam-se construtores de uma rede, marcada por nuances e arranjos feitos a partir das intencionalidades de cada
                um. A depender dos modelos de atenção adotados, a produção do cuidado pode ser restringida, reduzindo as possibilidades de
                modos de existências e produção de vida. Objetivo: Refletir sobre o processo de produção do cuidado e seu endereçamento;
                dar visibilidade e dizibilidade para as necessidades em saúde não contempladas pelas ações programáticas. Trata-se de uma
                reflexão teórica que utilizou como referencial, autores como Feuerwerker, Merhy, Franco, Foucault e Bento, que abordam temas
                relativos à produção do cuidado, trabalho em saúde, necrobiopolíticas e biopoder, presentes nas relações do trabalho em saúde.
                RESULTADOS: Os modelos hegemônicos de cuidado, engessam as agendas dos profissionais de saúde com processos de trabalho
                ancorados em protocolos e ações programáticas burocratizadas e compartimentalizadas. Essa visão cartesiana e mecanicista
                do corpo, pautadas na dualidade causa-efeito, reduz as multicausalidades existentes no corpo não biológico, apenas a fatores
                etiopatogênicos, propiciando restrições de acesso. Tais apostas, possuem o biopoder como força propulsora e interferem de
                maneira desigual na vida de cada um, reforçando as inequidades sociais com políticas produtoras de vida (biopolítica) ou de morte
                (necropolítica). Nesse sentido, o necrobiopoder é entendido como um conjunto de técnicas de governabilidade, que diferente da
                lógica foucaultiana, produz zonas de morte, assumindo as consequências entre “fazer viver e deixar morrer” em uma concepção
                hierárquica  meritocrática  de  corpos,  de  valores  distintos,  que  colocam  em  xeque  a  defesa  da  vida.  CONCLUSÃO:  A  relação
                de poder legitimada pela soberania, o controle da vida e das políticas de morte, quando alinhados às linhas de continuidade
                biomédicas, servem de dispositivos hegemônicos, que impactam na produção de cuidado de corpos e modos de existências,
                que precisam morrer para que o outro possa viver. Os sujeitos que apresentam necessidades de saúde não contempladas pelas
                ações programáticas, frequentemente enfrentam um vazio assistencial, sendo altamente subordinados ao modelo hegemônico
                curativista do cuidado biomédico.




                                                           206
   201   202   203   204   205   206   207   208   209   210   211