Page 40 - 3º MOSTRA PARANAENSE DE PROJETOS DE PESQUISA PARA O SUS
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Eixo temático: Políticas Públicas de Saúde; Redes de Atenção à Saúde TRABALHO 105
O que pensa o profissional religioso de CAPS sobre espiritualidade?
AUTOR PRINCIPAL: Evandro Emmanuel Rodrigues da Silva | AUTORES: Sabrina Stefanello | INSTITUIÇÃO: Prefeitura Municipal de Curitiba
| Curitiba - PR
Introdução: A espiritualidade, a religiosidade ou a crença pessoal são fatores preditores de qualidade de vida (MOHR, 2015) e protetores
à saúde por representar características adaptativas à vida (FLECKIV, 2011). No trabalho terapêutico baseado em rede social, crenças
e valores religiosos interiorizados trazem a subjetividade ao sofrimento no cotidiano repercutindo na saúde dos indivíduos (VIEIRA
FILHO, 2005). Objetivo: Descrever a concepção dos profissionais religiosos que trabalham na clínica psicossocial quando o tema é
espiritualidade, crenças pessoais ou religião. Metodologia: Através de metodologia qualitativa, buscou-se enfatizar aspectos transferenciais
e contratransferenciais de profissionais trabalhadores de Centros de Atenção Psicossocial, em Curitiba, através de entrevistas semidirigidas.
A amostragem foi do tipo intencional (TURATO, 2003), nela incluídos profissionais das áreas de psiquiatria, psicologia, enfermagem, terapia
ocupacional e assistência social inseridos na prática psicossocial com uma crença pessoal, espiritualidade ou religião significativa em suas
vidas. Resultados e discussão: Entre os temas destacou-se o “livre arbítrio” como referência à ideia de liberdade de escolhas individuais
influenciada pela moral e sua repercussão na tomada de decisões contratuais entre o terapeuta e o paciente. Sugeriu-se que o livre arbítrio
em seu âmago religioso, no qual se pressupõe a culpa por uma decisão errada, poderia dificultar a corresponsabilização em tratamentos
baseados em decisão compartilhada. O vínculo entre terapeuta e usuário pode ser influenciado pela identidade espiritual do profissional,
segundo os entrevistados. Frente ao usuário, os psicólogos acreditaram que divulgar sobre suas crenças religiosas poderia comprometer de
alguma forma o vínculo, possivelmente justificado pela própria formação destes. Outros profissionais não julgaram ser um problema falar
abertamente sobre suas crenças. Observou-se também que se alguns trabalhadores dissessem algo aos usuários que fosse semelhante
à crença do indivíduo, isto os proporcionaria alguma vantagem sob o substrato clínico. Finalmente, ao se debruçar sobre questões que
regulamentam a constituição civil, notou-se uma compreensão torpe sobre determinados aspectos legais que são direitos garantidos por
lei, como a liberdade de culto e a laicidade do Estado. Resgatar tais conceitos poderia enriquecer a prática clínica e a convivência entre
profissionais dos CAPS assegurando a pluralidade.
Referências: FLECKIV, Marcelo P. Validação brasileira do Instrumento de Qualidade de Vida/espiritualidade, religião e crenças pessoais. Rev Saúde Pública, v.
45, n. 1, p. 153-65, 2011. MOHR, Sylvia; HUGUELET, Philippe. The relationship between schizophrenia and religion and its implications for care. Swiss Medical
Weekly, v. 134, p. 369-376, 2004. TURATO, Egberto Ribeiro. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa: construção teórico-epistemológica, discussão
comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas. Vozes, 2003. VIEIRA FILHO, N. G. A Clínica Psicossocial e a Atenção de Cuidados Religiosos ao Sofrimento
Psíquico no Contexto da Reforma Psiquiátrica Brasileira; Revista Psicologia Ciência e Profissão, 2005 25 (2), pp. 228-239.
Palavras-chave: CAPS Religiosidade Religião Espiritualidade “Crença Pessoal” Terapeuta Profissional “Livre Arbítrio”.
Eixo temático: Políticas Públicas de Saúde; Redes de Atenção à Saúde TRABALHO 106
Implantação da Tutoria nos municípios da 3ª Regional de Saúde
AUTOR PRINCIPAL: Fernanda Gomes da Silva | AUTORES: Beatriz Moreira Vargas, Isaias Cantoia Luiz | INSTITUIÇÃO: Secretaria de
Estado da Saúde do Paraná/3ª Regional de Saúde | Ponta Grossa - PR
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná desenvolveu de 2011 a 2014 o Programa de Qualificação da Atenção Primária a Saúde
(APSUS). Durante este período realizou uma série de oficinas para capacitação profissional com o propósito de homogeneizar conceitos e
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fundamentos e fortalecer a Atenção Primária em Saúde (APS). Entretanto, esse processo não foi suficiente para que as equipes de saúde
municipais desenvolvessem competência na implementação de ações para que a APS cumpra suas funções. Para tanto, introduziu-se
uma nova fase do APSUS, a Tutoria, como um dos componentes de qualificação da gestão e do trabalho na APS, sendo este, um projeto
estratégico para modificação do processo de trabalho, favorecendo o funcionamento das Redes de Atenção à Saúde. Para o desenvolvimento
da Tutoria, seguindo os fundamentos da gestão de qualidade, foi estabelecido o Selo de Qualidade em três diferentes níveis Bronze, Prata
e Ouro. O Bronze reúne itens que visam garantir a segurança do cidadão e da equipe. O Prata abrange itens que visam o gerenciamento
dos processos. O Ouro congrega itens que visam os resultados para a comunidade. A Portaria 2.488/11, que aprova a Política Nacional
de Atenção Básica, descreve que a APS deve ser o contato preferencial dos usuários aos serviços de saúde, a porta de entrada e centro
de comunicação das Redes de Atenção a Saúde (RAS). Na 3ª Regional de Saúde a Tutoria teve início em 2015 e oportunizou a adesão
de 11 municípios da Região com um total de 35 Unidades de Saúde. Para obter a certificação utiliza-se de instrumento de avaliação com
um conjunto de itens que devem ser contemplados. Para tanto, os itens não conformes devem estar previstos num plano de ação onde
equipe/gestão estabelece prazos e responsáveis para a correção. As etapas do processo são: autoavaliação, avaliação por tutor Regional,
adequação dos itens não conformes e avaliação externa. Ao final de 2016 tivemos na Região 8 unidades certificadas com o Selo Bronze,
de 3 municípios, o que possibilitou às equipes contempladas visualizar o resultado do seu empenho, vontade de buscar o Selo Prata e às
demais equipes um modelo a seguir. Para 2017 temos 10 municípios no processo, num total de 51 UBS. A Tutoria está em construção,
percebemos ser uma oportunidade de aproximação entre a Regional de Saúde e o nível local. Temos um desafio, trabalhar para transformar
a teoria em prática no dia a dia da equipe e de cada um de seus membros.
Referências: PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. A tutoria na APS., Curitiba: 2015 PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde. APSUS - Programa de
Qualificação da Atenção Primária em Saúde do Paraná; Tutoria na APS - Selo Bronze. Manual Operativo, Curitiba: 2016 BRASIL, Ministério da Saúde. Portaria nº
2488 de 21 de Outubro de 2011. Política Nacional de Atenção Básica
Palavras-chave: Tutoria, Redes de Atenção à Saúde, Atenção Primária.
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