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EIXO 3 Atenção Primária à Saúde
RELATOS DE EXPERIÊNCIAS EM SAÚDE
CUIDADOS PALIATIVOS NA ASSISTÊNCIA AOS POVOS INDÍGENAS NA AMAZÔNIA: UM
CUIDADO POSSÍVEL
Autores: NINA ROSA GOMES DE OLIVEIRA LOUREIRO | Zita Maria Lopes Fontes, Karina Emília dos Santos Scherer.
Instituição: Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Foz do Iguaçu, Faculdade Assis Gurgacz
PALAVRAS-CHAVE: Competência Cultural, Cuidados Paliativos, Povos Indígenas Autonomia Pessoal, Família.
Caracterização do problema: Os maiores grupos indígenas do Brasil se localizam na Amazônia 200 etnias. Esta região possui como
característica as áreas de fronteiras terrestres e fluviais, dificultando a acessibilidade geográfica à rede assistencial especializada,
impactando no diagnóstico tardio e demora no tratamento, afetando diretamente as pacientes portadoras da Neoplasia. O
Amazonas lidera o índice de mulheres portadoras de Câncer de Colo de útero no Brasil (33,8%), é o quarto tipo de câncer mais
comum entre as mulheres em todo o mundo. Indígenas são direcionadas para a capital, longe do convívio familiar, contra suas
vontades, mesmo quando possuem um diagnóstico sem perspectiva de cura. Justificativa: Em 2018, os Cuidados Paliativos foram
integrados ao SUS, com objetivo de fornecer um cuidado integral e interdisciplinar na promoção da qualidade de vida e no controle
dos sintomas, pugnando por uma atenção humanizada aos pacientes e familiares. Objetivos: Relatar um caso clínico de Câncer de
Colo de Útero Metastático, descrevendo o itinerário terapêutico percorrido pela paciente, abordagem e conduta dos profissionais
envolvidos. Descrição da experiência: D. G. de 41 anos, indígena da etnia Baniwa, procurou atendimento na Estratégia Saúde
da Família em 2019 referindo dor pélvica, abdome globoso e sangramento intenso prolongado. Exame preventivo inalterado no
ano anterior, sendo realizado nova coleta para avaliação. Reflexões sobre esta experiência: Ao resultado, Lesão intra-epitelial
grau III, encaminhada a casa de apoio na capital Manaus, onde seu filho de 3 anos e marido a acompanharam por 6 meses, e ao
retornar para sua comunidade, foi orientada a direcionar-se para tratamento quimioterápico, sem respeito a vontade da paciente,
mesmo com metástase evidenciada. Faleceu longe de seus parentes, retornando para sepultamento na cidade natal no barco da
prefeitura. Recomendações: Observou-se a necessidade de evidenciar aos profissionais de saúde sobre o papel de formadores de
uma consciência sanitária junto às mulheres, incentivando-as a prática do exame preventivo e fortalecendo a participação social
através das líderes indígenas no processo de prevenção. O estudo evidencia a necessidade da qualificação dos profissionais em
cuidados paliativos, fortalecendo o desenvolvimento da competência cultural, controle dos sintomas nas comunidades e respeito
da autonomia da paciente, inclusive quanto a vontade de morrer em sua comunidade próximo aos seus filhos.
CINE SAÚDE COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DE SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM
MUNICIPIO DE FRONTEIRA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Autores: ESMIRRÁ ISABELLA TOMAZONI | Gabriela Perussolo de Freitas, Gladis Dalcin, Gilberto Garcia, Wilson
Alexandre Cabral Costa, Aline Luiza Fuhr. Instituição: UNIOESTE
PALAVRAS-CHAVE: Promoção de Saúde; Atenção Primária à Saúde; Comunidade
Caracterização do problema: O Ministério da Saúde propõe ações de promoção à saúde que rompam com o paradigma
biomédico focado no viés curativo e nas práticas tradicionais, estimulando ações que venham inovar a forma de discutir saúde,
na direção da humanização e na produção de autonomia e corresponsabilidade. Justificativa: Assim, percebendo que o cinema
enquanto arte é um meio de comunicação, a proposta do cine saúde utiliza os recursos cinematográficos como estratégia de
promoção de saúde, estimulando intervenções com viés humanizado e afetivo, pois retrata histórias de vida que sensibilizam o
espectador, promovendo identificação com as temáticas. Objetivos: criar um espaço para promoção de saúde através de recurso
audiovisual e possibilitar exercício da autonomia e do autocuidado, maximizando as chances de melhora da qualidade de vida
dos usuários da Atenção Primária à Saúde. Descrição da experiência: O cine saúde foi organizado por profissionais da equipe
multidisciplinar, com apoio das equipes das Unidades Básicas de Saúde, tendo os usuários como público alvo. A projeção dos
filmes foi organizada uma vez por mês, em um período de três meses, no ano de 2019. Os filmes escolhidos foram de curta
duração, seguido a um debate, com mediador, contemplando três horas cada ação. A escolha dos filmes foi relacionada aos meses
aluviso às campanhas propostas pelo Ministério da Saúde. No mês de setembro, na campanha “Setembro Amarelo”, discutiu-se
saúde mental, com foco no suicídio, após o filme “Verônica decide morrer (2009)”, com a participação de 80 pessoas, em um centro
de juventude. Na campanha do “Outubro Rosa”, discutiu-se sobre a saúde da mulher, considerando aspectos físicos, emocionais,
culturais e empoderamento feminino, por meio do filme “Felicidade por um fio (2018)”, em uma Unidade Básica de Saúde, com
a participação de 60 pessoas. Na campanha “Novembro Azul”, o diálogo foi referente à saúde do homem, tendo como foco o
autocuidado, por intermédio do filme “Os intocáveis”, em uma igreja da comunidade e 20 pessoas participaram. As três ações
incluíram pessoas de ambos os sexos, sendo adolescentes, adultos e idosos. Reflexão sobre a experiência e recomendações: O
cine saúde proporcionou uma integração de saberes, através do diálogo, entre o conhecimento das pessoas da comunidade com
o conhecimento científico dos profissionais da saúde, assim como um espaço de socialização e de compartilhamento de afetos,
fortalecendo o vínculo entre ambos.
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