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EIXO: SAÚDE INTERNACIONAL, BIOÉTICA E OUTROS TEMAS DE SAÚDE PÚBLICA/COLETIVA  EIXO: SAÚDE INTERNACIONAL, BIOÉTICA E OUTROS TEMAS DE SAÚDE PÚBLICA/COLETIVA



                 Aspectos Bioéticos da Migração e Vulnerabilidade em Saúde

                 Autores: MARCIA REGINA CHIZINI CHEMIN; Anna Silvia Penteado Setti da Rocha. Instituição: PUCPR e UTFPR

                 Palavras-chave: Migração. Vulnerabilidades. Bioética
                 Introdução: A migração tem apresentado desafios, especialmente para a saúde. O cuidado ao paciente na perspectiva de bem-estar,
                 deve estar atento às vulnerabilidades. As demandas nos processos migratórios envolvem questões multiculturais de acolhimento
                 e garantias de direitos, assim como também de exclusão e iniquidades, sendo importante a avaliação e o repensar ético e bioético
                 para a manutenção da dignidade e direitos humanos. Objetivo: Propor reflexão sobre as vulnerabilidades geradas pela migração
                 e o impacto na saúde individual e coletiva a partir do viés bioético. Metodologia: Revisão de literatura e análise crítica a partir da
                 Bioética e da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Resultado: Por meio da literatura analisada, observa-se que o processo
                 migratório,  incluindo  a  migração  forçada,  potencializa  as  vulnerabilidades.  No  acesso  à  saúde,  a  principal  barreira  está  na  não
                 compreensão do idioma, gerando não adesão ao tratamento proposto. A falta de informação, questões relacionadas ao trabalho e
                 moradia também impactam na saúde, elevando riscos. O sentimento de não pertencimento é um dos pontos mais importantes para
                 as vulnerabilidades em saúde mental. A reflexão bioética questiona as políticas públicas em saúde com o foco utilitarista, o princípio
                 da proteção se aplica ao tema, pois além de vulneráveis por natureza, de vulnerabilizados pelas condições adversas próprias da
                 situação em que se veem, os migrantes podem ser vulnerados pelos obstáculos criados pelas burocracias, pela indiferença às
                 características sanitárioculturais, pelas dificuldades de comunicação que estão implicadas no cuidado. De outro lado, a hospitalidade
                 pode ser vista como dever humanitário, baseado na responsabilidade por garantir a dignidade da vida. Receber migrantes é acolher
                 seres humanos necessitados, cujas feridas físicas ou as de ordem subjetiva, psíquica e emocional interpelam à ação concreta, pois
                 o cuidado tendo como base os direitos humanos, deve ser integral como diz um dos princípios que norteiam o Sistema Único de
                 Saúde, promovendo a universalidade no acesso e a equidade. Conclusões: As barreiras morais estão diretamente associadas a
                 saúde. A hospitalidade é responsabilidade que se traduz em acolhimento, é atitude constituída pela pura inter-humanidade, portanto
                 oferecer cuidado em saúde integral supõe entender a complexidade do sujeito, aceitar sua bagagem cultural e procurar por meios
                 de melhorar a comunicação e o acesso à saúde.



                 Atendimento Odontológico Humanizado a Pacientes Surdos: Desafios e
                 Possibilidades

                 Autores: GABRIEL MOREIRA BORGES CARDOZO; Caio Henrique de Paula Nogueira; Luciene Patrici Papa; Marcos Roberto Donizeti
                 Camargo; Eduarda Gimenes Corrêa. Instituição: UNIFSP
                 Palavras-chave: Atendimento humanizado; Surdez; Odontologia

                 A inserção de surdos em ambientes de atendimento de saúde, dentre os quais o atendimento odontológico, é uma constante e
                 estudos sobre surdez têm colaborado para proporcionar melhores condições de integração para o deficiente auditivo. Todavia, o
                 número de profissionais capacitados para o atendimento destes pacientes é reduzido, o traduz-se em grande preocupação com
                 relação à inclusão social, uma vez que este despreparo impede um atendimento humanizado e, consequentemente, desqualifica
                 o serviço prestado à população, o que justifica este estudo, cuja caracterização do problema, transcorre sobre as dificuldades de
                 inclusão na deficiência auditiva, entendendo-se esta como uma deficiência que provoca, naturalmente, no indivíduo, a necessidade
                 de observação visual mais apurada e a aquisição do conhecimento de uma linguagem específica (libras). Por outro lado, torna-se
                 necessário que o cirurgião-dentista esteja preparado para este atendimento, uma vez que o encontro clínico entre o profissional
                 da saúde e a pessoa surda normalmente acontece fora dos padrões esperados na rotina profissional, fazendo com que indivíduos
                 surdos e profissionais vejam-se diante de limitações que dificultam o vínculo entre eles. Neste estudo, cuja experiência vivenciada foi
                 o atendimento odontológico a paciente com deficiência auditiva em ambiente público de saúde depreendeu-se muita dificuldade
                 em transferir e receber informações que dependem de elementos textuais e/ou que são de caráter técnico-científico, próprios da
                 área da Odontologia. Observou-se que, em muitos momentos, o paciente é negligenciado e seu acompanhante é quem responde
                 por suas necessidades, fazendo com que, muitas vezes a demanda do surdo não seja de fato atendida. Assim, entende-se que
                 é emergente a necessidade de se utilizar e/ou criar recursos e ferramentas que facilitem que o surdo se insira integralmente na
                 sociedade, tornando-se ator no seu tratamento. Nesta vertente, observa-se que a legislação, embora torne obrigatória a inclusão de
                 intérpretes de Libras em repartições públicas de saúde, esta nem sempre se dá efetivamente, o que aponta para a necessidade da
                 implementação de estratégias para integração do surdo em ambientes de atendimento de saúde, incluindo-se nestes, o consultório
                 odontológico, uma vez que, a não existência destes pode gerar no surdo além de sentimentos de angústia, medo e frustração, o não
                 atendimento de suas necessidades clínico-odontológicas.




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